A voz do sertão invade todo Brasil. Com 40 anos de discografia, o conceituado violeiro Xangai – eleito o Melhor Cantor Regional na 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira – lança o 17º álbum da sua trajetória. Distribuído pela gravadora Kuarup, o trabalho homônimo já está disponível em todas as plataformas digitais. 

Gravado na varanda de uma fazenda às beiras do lago formado pela represa Pedra do Cavalo (BA), o disco tem a sua sonoridade moldada apenas pelo canto e violão de Xangai. A ideia do formato veio do produtor musical Mário Ulloa, mestre costa-riquenho de violão: “Mário me encorajou a fazer um disco-solo, voz e violão, porquanto ao longo de minha trajetória, todas as gravações que fiz, tive sempre músicos tocando comigo”, conta Xangai. O resultado desse processo são 14 canções escolhidas durante os quatro dias de gravação. “Ficamos apreciando o ruflar dos ventos nas asas do gereba (urubu de cabeça vermelha), o inspirador dos pilotos comandantes das aeronaves, e degustando iguarias de carne de cabra de coimque”, relembra. 

Porta-voz da população sertaneja do interior do Nordeste brasileiro e um dos principais intérpretes de Elomar (também importante nome do cancioneiro nordestino), Xangai está em destaque na novela Velho Chico, da Rede Globo, interpretando seu próprio papel de cantador. Ao longo de 2016, nove discos da vasta discografia de Xangai serão relançados pela gravadora Kuarup, entre eles  Xangai Canta Elomar,  Brasileirança – Com Quinteto da Paraíba e  Nós é Jeca Mais é Jóia – Com Juraildes da Cruz.  

Faixa a faixa 

Em “Ino do Cangaço”, canção que abre o disco, Xangai canta à capela as histórias do cangaço e leva o ouvinte ao começo da imersão que o álbum propõe. Na sequência, a música “Forró de Caruaru” remete às histórias do cotidiano das festas típicas de Caruaru.

“Bolero de Isabel” e “Eu”, terceira e oitava faixas, buscam o encontro com amigos em noites frias, nas quais o grupo se junta em volta da fogueira e a moda de viola é tocada noite afora. Já na quarta canção do disco, “Estampas Eucalol”, Xangai integra histórias da mitologia grega à realidade brasileira, falando do titã Prometeu, que, segundo a história, aborrece Zeus por roubar fogo dos deuses e dar aos mortais; entre outros mitos.

Interessante de se observar a fluidez da quinta faixa do álbum. “Água” tem na levada do violão, o movimento que o líquido faz num riacho e “Espiral do Tempo”, nona canção, tem o ritmo dos pássaros do sertão. “Pequenina”, sexta canção parece uma serenata, fala de amor e encontros. Bem como a última faixa, “Quem ama perdoa”. Em “Gago Grego”, Xangai deixa o violão de lado e faz de seu corpo um novo instrumento, entre palmas e batucadas no peito.

A partir da 10ª canção, o disco tem foco na vida e na renovação, começando por “Em Nome do Sol”, que fala sobre a importância e a grandeza do Sol. “Menino Gaiteiro”, “João e Duvê” e “Meus Tempos de Criança” cantam a inocência da criança e da brincadeira às margens dos rios. E assim, com olhos de menino e coração aberto, Xangai faz um pedido aos ouvintes: “ouça com atenção e boa vontade, que é desse jeito que eu toco, é desse jeito que eu canto”. 

 

Informações técnicas

Produção executiva: Gabriela Góes, Rita Cajaíba e Bruno Reis

Produção musical: Mario Ulloa

Mixagem: Beto Santana e Vavá Furquim

Masterização: Ricardo Garcia

 

Faixas:

1- Ino no Cangaço

2- Forró em Caruaru

3- Bolero de Isabel

4- Estampas Eucalol

5- Água

6- Pequenina

7- Gago Grego

8- Eu

9- Espiral do tempo

10- Em nome do sol

11- Menino Gaiteiro

12- João e Duvê 

13- Meus tempos de criança

14- Quem ama perdoa

Sobre Xangai:

Vencedor do 27º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Cantor Regional, Xangai canta os sons de sua terra, criando uma música que se mantém longe dos modismos fonográficos, preservando a identidade da chamada “música de raiz”. Dono de uma discografia bastante significativa (17 álbuns lançados), ele carrega alguns prêmios e despontou na carreira com a gravação de Cantoria 1 e Cantoria 2, discos gravados ao vivo com Elomar, Vital Farias e Geraldo Azevedo, na década de 1990. O projeto Cantoria é considerado um clássico da música regional.

 

Músicas

  1. Ino no Cangaço

    Intérprete: Xangai Autoria: Ivanildo Vila Nova, Xangai

  2. Forró em Caruaru

    Intérprete: Xangai Autoria: Zé Dantas

  3. Bolero de Isabel

    Intérprete: Xangai Autoria: Jessier Quirino

  4. Estampas Eucalol

    Intérprete: Xangai Autoria: Helio Contreiras

  5. Água

    Intérprete: Xangai Autoria: Jatobá, Xangai

  6. Pequenina

    Intérprete: Xangai Autoria: Renato Teixeira

  7. Gago Grego

    Intérprete: Xangai Autoria: Jacinto Silva

  8. Eu (Poema de Florbela Espanca)

    Intérprete: Xangai Autoria: Xangai

  9. Espiral do Tempo

    Intérprete: Xangai Autoria: Carlos Fernando, Geraldo Azevedo

  10. Em Nome do Sol

    Intérprete: Xangai Autoria: Jacinto Silva, Xangai

  11. Menino Gaiteiro

    Intérprete: Xangai Autoria: Xangai

  12. João e Duvê

    Intérprete: Xangai Autoria: Maciel Melo

  13. Meus Tempos de Criança

    Intérprete: Xangai Autoria: Ataulfo Alves

  14. Quem Ama Perdoa

    Intérprete: Xangai Autoria: Juraildes da Cruz