
Violão
Gênero: InstrumentalO ator e diretor Reginaldo Faria é conhecido por protagonizar inúmeros papéis em várias novelas de sucesso como Tieta, Ilusões Perdidas, Água Viva, Baila Comigo, Ti-Ti-Ti, Vale Tudo, Força de Um Desejo, Dancin Days, Carga Pesada, Elas Por Elas, Louco Amor, Transas e Caretas, Espelho da Vida e O Clone entre tantas outras. No cinema trabalhou em Assalto Ao Trem Pagador de Lúcio Flávio (1962), película importante da cinematografia brasileira e um dos seus primeiros filmes, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco, Memórias Póstumas, Cazuza – O Tempo Não Pára, e A Menina do Lado entre tantos outros. O que ninguém sabe é que na sua intimidade, nas horas vagas, nos momentos a sós, Reginaldo Faria tinha um companheiro, o seu violão, muitas ideias e músicas na cabeça.
Desde sempre fez do violão um companheiro fiel para momentos de alegrias e de solidão, seja tocando ou compondo. A música que foi por todo esse tempo o alimento de sua alma, compartilhada apenas com poucos amigos e algumas trilhas de cinema e novela, rompendo suas reservas e timidez, ganham agora as ruas e as redes se tornando obras públicas.
Nunca havia se permitido imaginar que a distribuição desses seus momentos pudessem se dar em qualquer ambiente musical, fosse analógico ou digital até que essa porta fosse aberta pela produtora e gravadora Kuarup, o que deixou o ator honrado e feliz. Agora como um pássaro livre suas melodias podem voar pelas plataformas digitais e encontrar o coração daqueles que carinhosamente se dispuserem a ouvi-las pelo Brasil e pelo mundo. O álbum Violão estreia nas plataformas digitais dia 2 de maio.
Faixa a faixa
1-Arpejo em Fá: esta música passou a existir em função das aulas que meu professor me passava. Ele não permitia um erro sequer. Fiquei tão impregnado – no bom sentido – que fiz a música arpejada como prova de minha dedicação a ele.
2-Baseada em Astúrias: melhor seria dizer que foi inspirada em Astúrias, obra do compositor e pianista espanhol Isaac Albeniz. Impressionava-me fazendo-me entrar no universo dos grandes violonistas. Queria fazer igual. Ou seja, tocar igual. Assim nasceu a música.
3-Navegar com Regis e Celo: inspirada em nosso amor. Nada poderia nos separar. O mar simbolizava bem a nossa infinitude.
4-Dia dos Namorados: é também o título de uma peça teatral que escrevi. Então, como referência ou como uma espécie de lembrança, vou utilizando os elementos que estão em volta de mim. Não foi a peça que me inspirou, foi o momento. Só o momento.
5-Catedral: em sua leitura, emite tons graves como sinos em contracanto com os tons agudos, também como sinos. Na medida em que mudam de tonalidades, os sinos também mudam, como se estivessem distantes uns dos outros. Isso acontece no início da música. Após, é o seguimento retratando o ambiente e a Catedral.
6-Ré Menor e Omar: como disse anteriormente, nomeio as músicas em função do instante ou da presença de algum elemento. Omar era um violonista amigo meu. Então para me lembrar da música, lembro do Omar que, na verdade se chamava Jorge Omar.
7-Pai: meu pai havia morrido e eu estava num apartamentinho pequeno que Paulo Ubiratan me cedeu até eu conseguir alugar um maior. O colchão estava no chão e ao lado havia uma estante pequena feita pelo meu pai que era mestre em marcenaria. Sentei, fiz a música e disse:” Esta é para você, meu velho!” Coloquei o violão ao lado da estante, deitei e dormi. Lá pelas tantas ouvi um estalo “tom” parecendo uma corda do violão que se partiu. Passei os dedos, ainda no escuro, e verifiquei que as cordas estavam intactas. Acendi a luz e vi que o violão tinha se partido naquela forma arredondada que se parece, como a curva de uma mulher. Lembrei que há muitos anos atrás meu pai havia colado a rachadura desse mesmo violão no mesmo lugar em que acabou de acontecer.
8-Romance: não creio que esta música seja mesmo um romance e nem sei porque razão lhe dei este nome. Ela tem um ritmo e uma batida que ouvi em algum lugar e ficou em mim.
9-Sax e Violão: essa canção foi escrita para um filme do mesmo nome. Baseada na história de dois garotos que moram em estados diferentes e compõem a mesma música sem nunca terem se visto.
10-Estudo Para Violão: não tinha ninguém por perto e nem um motivo para nomeá-la em homenagem ao sentimento de alguém ou ao meu mesmo. Então dei este nome para a composição.
11-Tarde Cinzenta: eu estava em São Paulo, num apartamento da avenida São João, no centro. O prédio era tão alto que suplantava os outros. Eu estava em início de carreira como ator e não tinha fechado ainda contrato com um produtor de cinema da cidade. A única coisa que me dava a sensação de poder e tristeza eram as nuvens lá no fim. Eram cinzas, eram minha tristeza. Então peguei o meu violão, fiz a música e me comunguei com aquele cenário.
12-Wilmar Saudades: melhor como título é Saudade. Fiz na década de 80 e dediquei ao meu tio Wilmar que havia falecido. Toquei para alguns amigos e ninguém deu importância. A mulher de um deles, tida como limitada mentalmente, gostou, e novamente ninguém deu importância. Em 2018 por aí, um amigo cantor, Jim Porto, que vive em Roma, se encantou com a música e fez a letra. Pedro Vasconcelos me convidou para a novela Espelho da Vida dizendo que eu teria que tocar violão. Apresentei a música e ele aprovou dizendo que o destino conspirou a nosso favor. Letra e música combinavam com o par romântico: Reginaldo Faria e Irene Ravache.
13-Trânsito Maluco: aos treze anos de idade fiz está canção. Fiz sem saber exatamente o que era. Creio que influenciado pelo jazz e samba. Sei lá. Não sei definir. Sei que tinha uma vontade voraz de tocar e meus dedos ágeis exigiram de mim.
Sobre Reginaldo Faria
Reginaldo Faria nasceu em onze de junho de 1937 na cidade de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Desde jovem teve contato com a música através de seu pai que cedo lhe presenteou com uma gaita harmônica e lhe deu as primeiras lições para tocá-la. Disciplinado, Reginaldo em pouco tempo já a dominava habilidosamente o instrumento. Percebendo sua aptidão, algum tempo depois, Roberto, seu irmão mais velho, lhe trouxe um violão, instrumento que nunca mais largou e que o transformou num verdadeiro músico clássico. A maioria das pessoas que admiram Reginaldo, o conhecem por seu trabalho de ator. Alguns como diretor e produtor e poucos como músico e compositor criativo e talentoso que se tornou. Em 1957, ao lado de seus irmãos Roberto e Riva, ingressou no cinema como foquista no filme Rico Ri à Toa. Devido ao sucesso deste primeiro trabalho, os três criaram a produtora R.F.Farias, que capitaneou a maior parte da produção do cinema nacional até o início dos anos 90. Neste extenso período, Reginaldo atuou em diversos filmes importantes da cinematografia brasileira como: Cidade Ameaçada, Assalto Ao Trem Pagador, Lúcio Flavio, O Passageiro da Agonia, Pra Frente Brasil, Com Licença eu Vou à Luta e A Menina do Lado entre outros. Dirigiu alguns como Os Paqueras, Barra Pesada, Aguenta Coração e Pra Quem Fica, Tchau. Neste último assinou, também, em parceria com Paulo Mendonça, a música original A Estrada Azul, que vem a ser a primeira gravação como interprete do cantor Ney Matogrosso. Atuando e dirigindo, foi premiado algumas vezes pelos mais relevantes festivais do Brasil, como Gramado e Brasília e pela APCA, além do prêmio Internacional no Festival de Taormina na Itália. Sua história no cinema não parou nos anos 90, tendo participado de filmes importantes como Memórias Póstumas e Cazuza – O Tempo Não Para para citar alguns. Em 2009 foi homenageado com o prêmio Oscarito em Gramado, por sua obra. Além do cinema, Reginaldo faz parte, também da história da teledramaturgia brasileira. Em 1965 foi ator nas duas primeiras novelas da Rede Globo: Ilusões Perdidas e Paixão de Outono e seguiu atuando numa sequência de mais de 30 novelas e séries, tendo vivido personagens marcantes como Marco Aurélio da novela Vale Tudo, Nelson Fragonard de Água Viva, Lucien Médici na Máfia no Brasil, Jacques Leclair em Ti Ti Ti, Ascânio em Tieta, Jonas Rocha em Vamp, Detetive Jorge França em Noivas de Copacabana, entre dezenas de outras. Reginaldo é também um escritor inquieto e se prepara para lançar uma série de livros que vem trabalhando nos últimos três anos. Vencendo sua timidez, após algumas aparições públicas e nas redes sociais tocando seu violão, Reginaldo prepara um CD com algumas de suas composições, executadas por ele.
Músicas
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Arpejo em Fá
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Baseada em Astúrias
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Navegar com Regis e Celo
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Dia dos Namorados
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Catedral
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Ré Menor e Omar
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Pai
Intérprete: Reginaldo Faria Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Romance
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Sax e Violão
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Estudo Para Violão
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Tarde Cinzenta
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Wilmar (Saudade)
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria
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Trânsito Maluco
Intérprete: Reginaldo Faria Autoria: Reginaldo Faria