
Vertentes
Gênero: MPBÁguas que transbordam, que jorram, que vertem pelas encostas, pelos declives.
Assim três artistas com suas histórias, seus instrumentos, suas raízes, seus estilos são cada um uma nascente de águas musicais, que escorrem em riachos de arranjos e sons, para formarem um rio fértil e de leito profundo. Essa é a descrição que define o encontro mágico de Chico Lobo, violeiro natural de São João Del Rei, com Blas Rivera natural de Córdoba Argentina, radicado no Rio de Janeiro, e Ricardo Gomes de Belo Horizonte.
Um power trio universal que vem unir suas vertentes, viola, sax e piano com baixo elétrico. Uma formação inusitada e que ganha liga e força com a presença do produtor musical Sérgio Lima Netto. Gravado parte no Estúdio Araras, nas montanhas da região serrana do Rio de Janeiro e no estúdio RG em Belo Horizonte, o álbum Vertentes apresenta composições de Blas Rivera, Chico Lobo e algumas releituras de clássicos da música popular brasileira. Sons, raízes nas milongas argentinas, nos toques mágicos da viola dos sertões de Guimarães Rosa e também na linha jazzística da fina flor da música popular brasileira formam um mosaico sonoro deste disco lançado e distribuído pela produtora e gravadora Kuarup.
Um caldeirão de sons e arranjos que emociona. Milonga Sudaca, Vazante, Réquiem, Agreste, O Mundo é Um Moinho, vão se misturando através da execução precisa desses três artistas. Cada qual com seus estilos, que se juntam e seguem para dar um tom de cores sonoras mais quentes na música instrumental. Em dez faixas que deslizam de forma leve, ainda somos brindados com as participações especiais de Walther Castro no bandoneón e do inglês David Chew no violoncelo. O resultado é belíssimo, ao mesmo tempo regional e universal, tradicional e contemporâneo. Assim são as Vertentes de Blas Rivera, Chico Lobo e Ricardo Gomes.
Faixa a faixa
1- Milonga Sudaca: composição de Blas Rivera, que tem forte rítmica e execução. Conta com a participação de Walther Castro no bandoneón. Assim o álbum inicia vigoroso.
2- Vazante: um dos principais temas instrumentais de Chico Lobo, que trazem a vida, pois vazante é quando ocorre a cheia nos rios e formam-se as lagoas adjacentes, onde os peixes vão procriar e a terra se torna mais fértil pro plantio.
3- Ave Maria No Morro: um dos maiores sucessos do compositor e cantor Herivelto Martins, ganha uma versão totalmente inédita e inusitada, um encontro poético de sax, viola e baixo, um conjunto perfeito, para emocionar e homenagear a música popular brasileira.
4- Córdoba: composição de Chico Lobo para o álbum Vertentes, a música homenageia a cidade natal de Blas Rivera. Com ares de guarânia, de milonga nasce a partir da vivência de Chico Lobo com a música da América do Sul e de sua aproximação com a música de Blas Rivera. O baixo bem marcado de Ricardo Gomes cria um belo chão para o diálogo da viola caipira e do sax.
5- Réquiem: Blas Rivera compôs para Osvaldo Bayer, querido, admirado, respeitado historiador, jornalista, pesquisador, escritor. O Réquiem é uma missa com música e texto em memória de um falecido, mas aqui não existe luto, só existe emoção. Esse Réquiem tem o ritmo de milonga. Embora seja para a memória de Dom Osvaldo, mais que tudo, é para fazer barulho, muito barulho para ele voltar. Acordar em vez de descansar!!! Por isso a Milonga ao invés da Santus.
6- O Mundo É Um Moinho: composição clássica de Cartola, apontado como o maior sambista que o Brasil conheceu, ganha aqui uma versão instrumental, com belos ares de jazz.
7- Alma Perdida: balada em ritmo de “zamba”, danza folclórica argentina, composta por Blas Rivera para recordar um ser querido. O lamento do sax e a viola sāo completamente acolhidos pelo trio para poder assim passear junto a uma alma que se foi.
8- Luar do Sertão: clássico de Catulo da Paixão Cearense ganha uma releitura de violas e baixo. Um diálogo de cordas pra homenagear o sertão brasileiro.
9- Até a Sua Volta: música composta por Blas Rivera especialmente para o violoncelista inglês David Chew. Conversa mágica entre os quatro instrumentos; além do ritmo, do tempo, do espaço e dos limites formais do som.
10- Agreste: música composta por Chico Lobo em uma de suas idas a Portugal. Ao ver o Alentejo amarelo seco, ele faz um contraponto com o agreste brasileiro. Tema dramático que namora com a música armorial nordestina.
Sobre Blas Rivera
O saxofonista, pianista, compositor e arranjador nasceu em Córdoba, na Argentina, onde estudou piano, sax e composição. Cresceu sob a influência do rock e da música clássica e se apaixonou pelo jazz e pela bossa nova. Nos Estados Unidos estudou jazz, música para cinema e música étnica na Beklee College of Music e no New England Conservatory. Viveu durante 15 anos no Brasil, depois na Espanha e agora está de volta ao Brasil. Suas origens são uma mistura de franceses, italianos e espanhóis. Levou seu tango-jazz por todo o continente americano, além da Nova Zelândia, Indonésia e por vários países da Europa, como França, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Itália, Espanha, Grécia, Islândia e Suíça, onde em 1999 foi reconhecido como músico revelação no Festival de Jazz de Montreux. Desde então já gravou oito álbuns e lançou em 2018 seu último trabalho Jaque Mate, realizado entre Rio de Janeiro, Buenos Aires, Cordoba, Madrid e Paris. Suas apresentações variam desde solo (em sax tenor e piano), ou dueto, passando por trio, quarteto, quinteto e até quarteto de cordas, orquestra de cordas e outras formações. Sempre apresenta em suas turnês seminários e workshops não só para instrumentistas e compositores, mas também para bailarinos e coreógrafos. No Rio de Janeiro participa de projetos socias de musicalização para jovens de comunidades carentes. Já dividiu o palco com grandes mestres, como Fernando Suarez Paz e Pablo Ziegler, músicos do Quinteto de Astor Piazzolla, Paulo Moura, Marcos Suzano, Yamandu Costa, David Chew, Vitor Biglione, Carmen Paris entre outros.
Sobre Chico Lobo
Natural de São João Del Rey o violeiro Chico Lobo tem mais de 40 anos de carreira e é considerado pela crítica como um dos artistas mais atuantes no cenário nacional na divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com 27 CDs lançados, dois DVDs, livro e shows por todo o Brasil e diversos países como Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, o músico canta suas raízes e as conecta com nossa contemporaneidade. Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola, desfilam com alegria em suas apresentações. Venceu por quatro vezes consecutivas (2015, 2016, 2017 e 2021) o Prêmio Profissionais da Música como Melhor Artista Regional, prêmio que acontece anualmente em Brasília. O artista mantém em sua cidade natal o Instituto Chico Lobo, que desenvolve projeto de ensino de viola e cultura raiz para as crianças das zonas rurais na cidade mineira de São João Del Rey. Desde 2006 Chico Lobo mantém relação artística com Portugal no Encontro de Violas em parceria com o músico e parceiro português Pedro Mestre, representante maior da viola campaniça da região do Alentejo. Esse encontro gerou o CD Encontro de Violas e o DVD De Minas ao Alentejo dando vida a um encontro ainda maior que já vai para a 11° edição do Encontro de Violas de Arame. Chico Lobo, o representante brasileiro nesses encontros, já trouxe duas edições presenciais ao Brasil e uma virtual. Amizade e partilha pelas cordas da viola que une Brasil e Portugal. Em 2015 Maria Bethânia escolheu sua cantiga Criação, para compor o repertório de seu show e DVD Abraçar e Agradecer, comemorando os 50 anos de carreira. Depois Bethânia, gravou participação no álbum Viola de Mutirão, cantando a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em sua homenagem. Apresentador de TV, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.
Sobre Ricardo Gomes
Produtor musical e baixista de carreira em atividade desde 1992, o músico mineiro iniciou a sua carreira tocando em casas noturnas de Belo Horizonte, acompanhando artistas sertanejos e da música popular brasileira. Autodidata, sempre curtiu jazz e música brasileira. Em 1992 entrou no mercado de produções e gravações, atuando em centenas de criações de músicas. Já trabalhou na produção de artistas como Chico Lobo, Luiz Carlos Sá, Luís Kiari, Marcelo Kamargo e João de Ana entre outros. Atualmente, mantém seu estúdio RG na capital mineira.
Músicas
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Milonga Sudaca
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Blas Rivera Participações: Walter Castro
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Vazante
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Chico Lobo
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Ave Maria no Morro
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Herivelto Martins
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Córdoba
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Chico Lobo
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Réquiem
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Blas Rivera
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O Mundo é um Moinho
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Cartola
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Alma Perdida
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Blas Rivera
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Luar do Sertão
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Catulo da Paixão Cearense, João Pernambuco
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Até Sua Volta
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Blas Rivera Participações: David Chew
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Agreste
Intérprete: Blas Rivera, Chico Lobo, Ricardo Gomes Autoria: Chico Lobo