O Clube da Esquina nasceu de um encontro de artistas em uma esquina de Belo Horizonte, uma forte junção entre músicos e compositores mineiros, mas acima de tudo, a amizade, que foi o maior elo entre essa geração de artistas que estavam descobrindo a música como forma de se expressar. Milton Nascimento, Lô e Marcio Borges, Fernando Brant, Nelson Ângelo, Ronaldo Bastos, Beto Guedes, Toninho Horta e Wagner Tiso entre outros, contribuíram para a criação de uma sonoridade única que tinha influência forte da banda britânica The Beatles, da música latina com o canto das igrejas, dos temas que abordavam a importância da amizade genuína, os momentos políticos vividos na década de 70, as raízes ancestrais e o sentimento coletivo de amor e perseverança. 

O encontro que se transformou em canções foi um divisor de águas para a música popular brasileira e o grande aglutinador dessa junção poética e sonora. Foi Milton Nascimento, que com uma carreira sólida, abriu os caminhos para o jovem amigo Lô Borges e os outros artistas agregaram dentro desse processo coletivo de se fazer música. Os discos lançados em 1972 e 1978 são dois dos álbuns mais importantes desse período musical brasileiro, atravessando o oceano e conquistando artistas como o guitarrista norte-americano Pat Metheny e John Lennon entre outros astros da música mundial. 

A cantora Graziela Medori e o pianista Alexandre Vianna se uniram para revisitar essa obra clássica do Clube da Esquina, selecionando seis músicas de cada um dos álbuns, em uma releitura onde predominam a voz e o piano, complementando com camadas de sintetizadores, vocais e percussões, soando assim um trabalho moderno sem perder a singularidade das gravações originais. O álbum Nossas Esquinas, com lançamento pela produtora e gravadora Kuarup, que é o terceiro trabalho da carreira de ambos os artistas, Alexandre Vianna e Graziela Medori, é uma homenagem e reverência a duas das obras mais importantes da música popular brasileira, trazendo o resgate de sonoridade e composição, mas também dessa atmosfera de união que ao longo do tempo, pela rapidez da informação que afastaram o ouvinte da sensibilidade e afeto.

A dupla fez de sua casa o lugar para viajar dentro desse universo, pesquisando, lendo, assistindo documentários e o filme Jules And Jim, que inspirou Milton Nascimento e Márcio Borges a comporem juntos. Um dos pequenos quartos do apartamento no bairro da Lapa, na capital paulista, se tornou o home estúdio e nas horas possíveis onde tudo silenciava, quase sempre nas madrugadas, se tornava o momento certo para gravar pianos e vozes, que muitas vezes no período da manhã e tarde, era inviável pois sem tratamento acústico, todo barulho externo era captado pelos microfones.  O repertório, num total de doze faixas, traz cinco canções mais conhecidas. Alexandre e Graziela escolheram outras sete menos visitadas, criando assim um disco praticamente inédito para quem ainda não conhece a fundo o trabalho dos álbuns do Clube da Esquina. 

Além do quarto, as fotos feitas por Luan Kardoso, foram também tiradas no apartamento, transformando a casa em um pequeno estúdio, com figurino assinado por Samantha Macedo, onde predominam cores que remetem a Minas, céu, terra, barro, com elementos sonoros que foram utilizados nas gravações e elementos que também sugerem uma viagem ao estado mineiro e as fusões com o Clube como a panela de barro, as velas, a xícara de café e a placa dos Beatles entre outros temas. As artes ficaram por conta do designer Thiago Siqueira, que trabalha em cima de referências desde as fontes das letras, até o enquadramento das fotos, em torno da década de 70. 

Nossas Esquinas estará disponível em todas as plataformas digitais na última semana de novembro e terá edição física em CD no primeiro semestre de 2021. Os primeiros singles lançados antecedendo o álbum foram: Tudo Que Você Podia Ser de Lô e Márcio Borges e O Que Foi Feito Devera (De Vera) de Milton Nascimento, Fernando Brant e Márcio Borges. As faixas estão sendo executadas em rádios pelo Brasil como Belo Horizonte, Porto Alegre, Santa Maria, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília entre outras. 

Ficha Técnica:

Graziela Medori: voz, vocais, percussões, arranjo e produção. 

Alexandre Vianna: piano, sintetizadores, percussões, vocais, arranjo, mixagem, masterização, produção e direção musical. 

Repertório:

1)Testamento (Nelson Ângelo e Milton Nascimento)

2) Credo (Milton Nascimento e Fernando Brant)

3) Canoa, Canoa (Nelson Ângelo e Fernando Brant)

4) O Que foi Feito Devera (De Vera) (Milton Nascimento e Fernando Brant)

5) Mistérios (Joyce e Mauricio Maestro)

6) Tanto (Beto Guedes e Ronaldo Bastos)

7) Tudo Que Você Podia Ser (Lô Borges e Marcio Borges)

8) Nuvem Cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos)

9) Cravo e Canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

10) Dos Cruces (Carmelo Larrea)

11) San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant)

12) Ao Que Vai Nascer (Milton Nascimento e Fernando Brant)

Sobre Graziela Medori

Graziela Medori, filha da consagrada cantora Claudya e do instrumentista Chico Medori, começou profissionalmente na música aos 16 anos. O primeiro trabalho da cantora saiu pela gravadora Lua Music em 2011 e trouxe participações especiais de Oswaldinho do Acordeon, Dominguinhos e Fernando Nunes, com direção e arranjos de Chico Medori.  Quatro anos mais tarde, seu segundo disco, Toma Limonada (2015), traz regravações de importantes compositores da MPB como Marcos Valle, Lô e Marcio Borges além de Raul Seixas, bem como as inéditas, Nada Mais Que Cinema de Thiago Pimentel e Radical, de Claudya, em parceira com Luiz Carlos e destaque do cantor Seu Jorge como convidado na faixa título. Além de dois discos lançados, Graziela tem em seu currículo participação em diversos projetos como o Literalmente Loucas, uma homenagem a cantora Marina Lima, 100 anos de Ataulfo Alves e É Melhor Ser Alegre Que Ser Triste, um espetáculo dedicado ao poeta Vinícius de Moraes, ao lado de Jane Duboc e Juan Alba. 

Sobre Alexandre Vianna

O músico e compositor Alexandre Vianna é natural de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul e gradou-se bacharel em composição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2008. Entre 2003 e 2005 estudou piano erudito na Faculdade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS. Em 2016 gravou Ânimo, seu primeiro disco. Atuou como músico e arranjador em trabalhos ao lado de vários artistas da música brasileira como o cantor Cauby Peixoto e as cantoras Ângela Maria, Claudette Soares, Claudya, Célia e Alaíde Costa, entre outros. Atualmente desenvolve projetos com artistas independentes da cena musical paulistana. Seus trabalhos autorais são: Alexandre Vianna Trio e Årvoll, dois trios de música instrumental. 

 

Músicas

  1. Nuvem Cigana

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Lô Borges, Ronaldo Bastos

  2. Canoa Canoa

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Fernando Brant, Nelson Angelo

  3. Tudo Que Você Podia Ser

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Lô Borges, Marcio Borges

  4. Cravo e Canela

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos

  5. Dos Cruces

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Carmelo Larrea

  6. O Que Foi Feito Devera (De Vera)

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Fernando Brant, Marcio Borges, Milton Nascimento

  7. Mistérios

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Joyce Moreno, Mauricio Maestro

  8. Tanto

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Beto Guedes, Ronaldo Bastos

  9. San Vicente

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  10. Testamento

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Milton Nascimento, Nelson Angelo

  11. Ao Que Vai Nascer

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  12. Credo

    Intérprete: Alexandre Vianna, Graziela Medori Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento