Hey, Zé!

“Em 1992 fui à Itália ver os amigos, matar a saudade de quando morei por lá e das comidas deliciosas. Quem me hospedou foi meu amigo Cesare Benvenuti, produtor do meu primeiro LP, Zé Luiz (1979), que talvez seja o disco mais sofisticado que gravei. Cesare me convidou para experimentar um equipamento novo em seu estúdio e me pediu que gravasse algumas coisas brasileiras lindas, como temos aos montes. Assim gravei essas canções, com um som lindo, somente voz e eu mesmo ao violão”. Assim o cantor, compositor e violonista Zé Luiz Mazziotti apresenta, seu novo disco A Roma, lançado pela produtora e gravadora Kuarup. 

A Roma quer dizer “em Roma”, onde as 14 canções deste álbum foram gravadas, com um verdadeiro ‘quem é quem’ da nossa música. Vai de Gilberto Gil (Mar de Copacabana) a Tom Jobim (Outra Vez). Passa por Paulinho da Viola (Dança da Solidão), Chico Buarque (Choro Bandido) e Rosa Passos (Verão). Tem, inclusive, uma música própria de Mazziotti em parceria com Sérgio Natureza, Amor ao Ofício que diz: “Você me ouve no rádio/ Me vê na revista, na capa do disco/ E acha que eu não me arrisco/ Não corro o perigo de às vezes chorar”. Zé confessa que esse é o disco no qual se sente mais ‘inteiro’. Que “são lindos os que fez com bandas, mas que esse revela sua alma e essência, porque é só o que sabe fazer”.

“Que tal ouvir voz e violão? De novo? Não, não é de novo, isso é para sempre. O CD A Roma com uma das mais lindas vozes de nossa canção é para você ouvir sempre que estiver precisando de música. Zé Luiz entrega as canções de bandeja. E acrescenta.” Diz o jornalista e produtor musical Zuza Homem de Mello.

Considerado como um dos intérpretes mais sofisticados da música brasileira, paulista de Rio Claro, com uma carreira iniciada em meados dos anos 1960, Zé Luiz participou do grupo Canto 4, com o qual conquistou o primeiro lugar no Festival da TV Record de 1966, interpretando São Paulo, Meu Amor, de Tom Zé. Na capital paulista, estudou com a violonista Vera Brasil e apresentou-se em casas famosas como a Igrejinha e o Jogral.

Ao longo da carreira dividiu o palco com artistas como Zezé Gonzaga, Alaíde Costa e Sílvio César. Participou de discos de Caetano Veloso e Rosa Passos, e de tributos a Maurício Tapajós e Candeia. Em 1981, foi convidado por Gal Costa para gravar no LP Fantasia. 

Juntos interpretaram a faixa Estrela, Estrela (Vítor Ramil). Da sua discografia constam discos como Zé Luiz (Continental/1979), com arranjos de Dori Caymmi e Gilson Peranzzetta e participação especial de Nana Caymmi; Sinais (Independente/1981), com o qual ganhou o Prêmio Chiquinha Gonzaga, como uma das dez produções mais bem cuidadas daquele ano; Zé Luiz Mazziotti (Pointer/1995); Eterna Chama – Candeia (Perfil Musical/1998); Pra Fugir da Saudade – Célia Vaz e Zé Luiz Mazziotti (Jam Music/2000); Zé Luiz Mazziotti Canta Chico Buarque (2003) e Sobras Repletas (AMAR/CPC/UMES/2006). 

Alguns destes e outros álbuns serão reeditados em breve nas plataformas digitais pela Kuarup, trazendo sua discografia de volta aos tempos modernos. O prestigiado músico trabalhou em gravações de jingles em vários estúdios de São Paulo, como o Nosso Estúdio e o Publisol, e na produtora de jingles Zurana, ao lado de Marcos e Paulo Sérgio Vale, Ivan Lins, Djavan, Tavito e Eduardo Souto Neto. Participou, nos anos 1970, do Projeto Pixinguinha apresentando-se em várias capitais com Elizeth Cardoso, Jamelão, Ângela Maria, Miltinho e Silvio César. E, na Sala Funarte Sidney Miller (Rio de Janeiro) dividiu o palco com Alaíde Costa, Antônio Adolfo e Luiz Eça.