Os concertos de abertura da temporada 2016 conduzirão o público a um inesquecível passeio pela música de Milton Nascimento e do célebre Clube da Esquina. Com suas canções rearranjadas para orquestra por Vittor Santos e seu infalível arcabouço criativo, nem de perto trata-se de uma tarefa fácil. A começar pela escolha do repertório.

Oito peças especialmente selecionadas em um acervo tão extenso quanto primoroso. Com Fernando Brant, Lô Borges, Márcio Borges, seus parceiros do Clube da Esquina, além de Renato Bastos, Bituca (apelido que Milton recebeu nos anos 60), compôs as canções em destaque nos concertos de abertura da Temporada 2016. São elas Barulho de trem, Canção da América, Clube da Esquina 2, Cravo e Canela, Encontros e despedidas, Nos Bailes da Vida, Ponta de Areia e a emocionante Travessia, canção que deu nome à seu primeiro disco, em 1967.

Os concertos que homenageiam o legado de Milton Nascimento propõem um olhar singular do compositor, arranjador e trombonista Vittor Santos, sobre a obra do cantor e compositor carioca de nascimento, mas mineiro de Três Pontas de coração, enaltecendo harmonias e ritmos de canções eternizadas em mais de meio século de carreira.

Para a estreia da temporada, a Orquestra do Estado de Mato Grosso, sob a regência do maestro Leandro Carvalho, traz a Cuiabá o próprio Vittor Santos, trombonista solo especialmente convidado para essa viagem pela música que causou uma verdadeira revolução estética na MPB dos anos 60 e 70.

Com mais de 300 canções gravadas, Milton Nascimento alcança sua sétima década de vida como um dos mais relevantes artistas do país de todos os tempos. Sua música e de todo o Clube da Esquina marcaram os corações dos brasileiros por gerações e, com certeza, marcará ainda os jovens que se importam em ouvir a voz que vem do coração e daqueles que possuem a estranha mania de ter fé na vida.

Revisitando Milton Nascimento

(por Vittor Santos)

Esta realização nasceu como uma resposta inexorável da admiração mútua entre dois pensadores que, em ambientes e circunstâncias diferentes, aprenderam a ponderar o viver, tendo como norte a trama sonora que, passando pelas mãos do artesão, se expressa como arte, aquela que se identifica como música.

Ah, sim! A música! Aquela arte que revela, de maneira intocável, inodora, intangível, invisível… Sim! Revela o sentido das relações interpessoais, exatamente por meio das “cabeças de notas” que vão se comunicando, numa comunhão análoga à verdadeira comunhão, estabelecendo os ambientes propícios de alegrias naturais, respectivamente, em cada particularidade vivenciada! Poder-se-ia dizer: eis “a mais perfeita tradução…”.

Aquela que se revela na esfera das artes!

Como a urdidura da trama da vida traça trilhas surpreendentemente insólitas, exatamente gerando surpresas pertinentes, em que a conjunção de fatores é a confirmação peculiar daquela analogia que a música oferece, o terceiro elemento que estabelece a “tríade” que denuncia o acordo-per-feito da realização e surge trazendo o vigor final, para que a obra do compositor carioca/mineiro, representada nestas oito faixas, seja ventilada via trombone, e este, revestido pela orquestra que ali está, no coração do continente, no centro-oeste do Brasil.

 

Biografias

Vittor Santos, trombone

Arranjador, compositor, trombonista e produtor, Vittor Santos convive com música desde

a infância. Ainda menino, fascinado pelo acervo fonográfico da família, teve acesso à música

brasileira através de Sílvio Caldas, Nélson Gonçalves, Anísio Silva e outros.

 

Aos 11 anos, em 1976, ingressou na Banda do Clube Musical Euterpe, em que passou a estudar tuba e elementos da música com o regente Alberto de Araújo Lopes. Iniciou carreira

profissional aos 14 anos, como integrante de um quinteto que tocava para dançar nas

noites petropolitanas, adotando o trombone como primeiro instrumento.

 

Aos 16 anos começou a trabalhar em shows e gravações para diversos cantores e em 1985

montou a Orquestra de Vittor Santos, com a qual realizou diversas apresentações pelo

Brasil e gravou os discos Aquarelas Brasileiras e Um Toque Tropical, pela antiga Continental,

e ainda participou do filme Banana Split e da minissérie Anos Rebeldes.

 

Foi líder e trombonista da Orquestra In Concert e professor de arranjo e harmonia funcional

da escola homônima. Em 1999 participou do FREE JAZZ FESTIVAL, dirigindo a Vittor

Santos Orquestra.

Em 1994 lançou Trombone, primeiro disco como solista pela Leblon Records e, em 1997,

pela mesma gravadora, o disco Sem Compromisso. Em 2005, juntamente com o grupo Conexão Rio, lançaram o CD Você só dança com ele, pelo selo MPB, no qual visita 12 canções do compositor Chico Buarque.

Já em 2006, o CD Renovando as Considerações, em parceria com os selos Biscoito Fino

e Brasilianos no Brasil e, nos Estados Unidos, com o título Renewed Impressions, com o

selo Adventure Music. Em 2014, lança os discos Co(n)vivências e Reflexos, este último,

dedicado a composições do escritor, ator e compositor Simon Khuory, como arranjador e

produtor artístico.

Em 2001 estreou sua primeira obra sinfônica, Divagações Sobre os Quatro Elementos,

junto à Orquestra municipal de sopros de Caxias do Sul. Escreveu arranjos para a Lincoln

Center Jazz Orchestra, para o evento Carnival on Broadway – a Música do Brasil. Em 2004,

na Sala Cecília Meirelles, a Orquestra Sinfônica da Petrobrás – Pró-Música, estreou sua 12ª

obra sinfônica, Divagações nº 12 – concerto para clarineta Bb e orquestra, tendo como

solista o clarinetista Cristiano Alves. Escreveu os arranjos para o disco Alegria, gravado em

2015 numa parceria entre Orquestra do Estado de Mato Grosso e o bandolinista Hamilton

de Holanda, disco dedicado a temas de musicais infantis.

Dentre dezenas de participações como instrumentista e/ou arranjador em projetos de

grandes artistas (Chico Buarque de Hollanda, Caetano Veloso, Leny Andrade, Gal Costa,

Moraes Moreira, Miltinho, Elza Soares, Ivan Lins, Francis Hime, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, Mário Adnet, Maria Schneider, Hamilton de Holanda, Ricardo Silveira, Ed Motta, e

muitos outros), Vittor Santos participou de algumas das últimas gravações do saudoso

maestro Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, de quem nutre profundo respeito e

admiração. Afinal, nasceram com o mesmo dom e no mesmo 25 de janeiro.

Músicas

  1. Cravo e Canela

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Milton Nascimento, Ronaldo Bastos

  2. Nos Bailes da Vida

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  3. Travessia

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  4. Barulho de Trem

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Milton Nascimento

  5. Encontros e Despedidas

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  6. Canção da América

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento

  7. Clube da Esquina 2

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Lô Borges, Milton Nascimento, Márcio Borges

  8. Ponta de Areia

    Intérprete: Leandro Carvalho, Orquestra do Estado de Mato Grosso, Vittor Santos Autoria: Fernando Brant, Milton Nascimento