Élcio Dias & Amorim: cantadores da cidade de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, lançam pela produtora e gravadora Kuarup nesta próxima sexta-feira, dia 28 de maio, álbum digital em homenagem a Pena Branca & Xavantinho. Músicos influenciados por clássicos do repertório caipira e ritmos da cultura popular como a congada, o pagode, a Folia de Reis e músicas juninas, Élcio Dias & Amorim se juntaram em torno da obra de Pena Branca & Xavantinho e realizaram um trabalho apaixonado, interpretando os grandes sucessos da dupla. O álbum que foi gravado no estúdio Don Produções e Estúdio de Gravações, em Itapecerica da Serra, demandou oito meses de muito trabalho e dedicação. O projeto que tem produção e direção musical assinada pela dupla e arte gráfica da capa criada pela artista plástica embuense Silvia Maia, traz 16 músicas e entre elas pérolas como O Cio da Terra, Vaca Estrela e Boi Fubá, Cuitelinho e Calix Bento

A ideia do projeto surgiu em 2003 quando Élcio estudava música na faculdade Paulista de Artes, em uma aula de projeto especial apresentou sua ideia, que fora inspirada na dupla Pena Branca & Xavantinho. É claro que Cio da Terra era o tema principal do projeto. Em 2008 o músico apresentou um show na Festa de Santa Cruz na cidade de Embu das Artes em homenagem a Pena Branca & Xavantinho. Nesta ocasião Élcio conseguiu conversar algumas vezes com Pena Branca por telefone e aproveitou para pedir autorização para realizar o show.  Conversaram sobre músicas e futuras parcerias, mas o tempo passou e infelizmente em 2010 Pena Branca nos deixou e projeto foi deixado de lado. Mas em 2020, no começo da pandemia da Covid-19, passando muito tempo em casa, Élcio decide resgatar o antigo sonho, fazendo uma grande pesquisa sobre a vida da dupla, voltou a ouvir as canções e se inspirar em escrever o projeto. 

Por quatro meses os músicos Élcio Dias & Amorim permaneceram isolados em Embu das Artes se protegendo da pandemia, se comunicando apenas por telefone ou vídeo conferência para criarem o projeto, a pesquisa, a escolha do repertório, até que no mês de julho de 2020 decidiram entrar em estúdio para gravar o álbum Élcio Dias & Amorim Cantam Pena Branca & Xavantinho

Para evitar o maior risco de contaminação pela doença os artistas preferiram gravar sozinhos no estúdio. Élcio Dias gravou violão em todas as faixas e Amorim gravou a viola, tendo a participação especial da cantora Elisa Dias na faixa Viola Quebrada e do grupo folclórico Folia de Reis do Lajedão na faixa Reisado.  As participações dos convidados foram gravadas a distância, para garantir ainda maior segurança.  Élcio Dias & Amorim fizeram as releituras das músicas e se preocuparam em manter viva a essência, a pureza, a verdade e a tonalidade que é uma característica única e marcante da dupla Pena Branca & Xavantinho.

A dupla carrega uma grande militância artística e declara que a cultura diz respeito a toda produção artística que construímos. Preservar a cultura significa manter os bens artísticos tecnológicos e culturais do nosso país, construídos por gerações. Cultura preservada é o registro da evolução do nosso povo. Preservar a cultura e tarefa de todos, é lutar por ela, é nosso dever coletivo. Um povo sem memória é um povo sem alma e Pena Branca & Xavantinho de alguma forma, exercitaram um papel muito importante, que foi mostrar ao povo que ele não pode, e não deve perder, nunca, as raízes que o prendem ao mais profundo de si mesmo.

 

Depois de Cornélio Pires e sua turma, que representaram com categoria incomum a primeira geração de artistas sertanejos, ou caipiras de verdade, e da segunda que foi encabeçada por gente como Tião Carreiro, Tonico & Tonico, Zico & Zeca, Vieira & Vieirinha, poucos são, hoje, os artistas que se propõem de fato a fazer e divulgar esse velho, belo e judiado gênero musical brasileiro. Incansáveis guardiões deste gênero tão belo como Inezita Barroso, Zé Cocô do Riachão e o grande mestre Rolando Boldrin, protetor da nossa cultura, sempre recusaram o modismo e construíram aos poucos uma obra monumental além de Renato Andrade com sua viola mágica. O time é bom mas precisa de reservas que  por sorte, vão surgindo aqui e ali, como Renato Teixeira, Almir Sater, Jackson Antunes, Chico Lobo, Téo Azevedo, Saulo Laranjeira, Paulo Freire, Roberto Corrêa, Ivan Vilela e tantos outros e uns poucos mais que começaram a dar forma e cara a uma terceira geração de artistas que se espalham inconscientemente, talvez, influenciados pelo belo trabalho desenvolvido pelo produtor Cornélio Pires. E é de Embu das Artes, cidade da grande São Paulo, que chega mais um reforço, os amigos Élcio Dias Souza e Gildécio José de Amorim, professores na rede estadual de ensino, artisticamente conhecidos como Élcio Dias & Amorim, que tocam e cantam desde crianças e como dupla existem desde 2019. E foi a sensibilidade e admiração pela música caipira que os uniram nesse belíssimo trabalho que celebra a obra de Pena Branca & Xavantinho, essência da beleza e simplicidade da música caipira.

Sobre as Músicas

1 – Viola Marvada/Cuitelinho – Renato Teixeira/Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xangó, e adaptado por Milton Nascimento e Wagner Tiso.                                                                    

2 – O Cio Da Terra – Composição de Milton Nascimento e Chico Buarque.

                                                                                                                        

3 – O Grande Sertão – Composição de Xavantinho.

                                                                                                                     

4 – Vaca Estrela e Boi Fubá – Composição de Patativa do Assaré.

                                                                                                     

5 – Restinga, Sertão e Viola – Composição de Pena Branca & Xavantinho.

                                                                                                    

6 – Encontro De Bandeiras – Composição de Xavantinho e Tavinho Moura.

                                                                                                   

7 – Viola Quebrada – Composição de Mario de Andrade.

                                                                                                                       

8 – A Mata Gemeu – Composição de Maria Chiquinha e Xavantinho.

                                                                                                                      

9 – Fabulas de Carreiro – Composição de Moniz.

                                                                                                              

10 – Eu, A Viola e Deus – Composição de Rolando Boldrin.

                                                                                                                

11 – Cantiga (Caicó) – Composição de Heitor Villa Lobos com letra de Teca Calazans e adaptação de Milton Nascimento.                                                                                                       

12 – Santos Reis (Reisado) – Composição de Teddy Vieira com folclore recolhido e adaptado por Ely Camargo.

                                                                                                   

13 – Beira Mar – Composição sobre folclore do Vale do Jequitinhonha recolhido por Frei Chico e adaptação de Élcio Dias.   

 

14 – Canto Do Povo De Um Lugar – Composição de Caetano Veloso.

                                                                                          

15 – Cantiga do Arco-Íris – Composição de Xavantinho e Moniz. 

                                                                                                          

16 – Cálix Bento – Composição sobre obra recolhida do folclore mineiro com adaptação de Tavinho Moura.

 

Sobre Élcio Dias

Élcio Dias iniciou sua carreira aos nove anos de idade, cantando em uma lanchonete situada no Jardim Vazame, em Embu das Artes.  Participou de vários festivais e shows de música sertaneja. Foi o quinto colocado no festival de Carapicuíba, festival Brasil em 1995 e 1996. Conquistou o primeiro lugar no festival Voz de Ouro, no Palácio das Convenções do Anhembi, no teatro Elis Regina. Neste mesmo ano participou dos festivais Vila das Belezas e festival de Piracicaba. Gravou quatro CDs e um DVD, todos de produção independente. Em 1997 estreia com o álbum Águas Cristalinas. O segundo e mais promissor disco chega em 2002, o Sem Pensar Em Você. Em 2009 lança o terceiro trabalho intitulado Do Fundo do Meu Coração. O primeiro DVD chega em 2010 com o título Me Leva Pra Casa e em 2015 lança Um Novo Cara, seu CD mais recente. Em 2005 formou-se em música pela Faculdade Paulista de Artes e no ano de 2007 conseguiu vender 6.000 cópias de seu disco Sem Pensar em Você. Além de músico Élcio Dias é professor de artes na rede estadual de ensino onde conheceu o seu parceiro Amorim.

Sobre Amorim

Gildecio José de Amorim, nascido na cidade de Aracatu, no estado da Bahia, morou na zona rural escutando a verdadeira música caipira, sempre com vocação para música. Aos onze anos de idade começou tocar violão, viola, cavaquinho, flauta, instrumentos de percussão e cantar em grupo de folia de reis, tradição que acontece de 25 de dezembro a 06 de janeiro na sua cidade natal. Aos quinze anos veio morar na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, onde se formou em matemática e pedagogia, sempre dando continuidade em projetos musicais, sarais e coral nas escolas em que trabalhou e em barzinhos na região em que vive. Participou de festivais onde teve o privilégio de conhecer as duplas Joaquim & Manuel e Jacó e Jacozinho entre outros.

Músicas

  1. Viola Malvada / Cuitelinho

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Antonio Xandó, Paulo Vanzolini, Renato Teixeira

  2. O Cio da Terra

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Chico Buarque, Milton Nascimento

  3. O Grande Sertão

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Xavantinho

  4. Vaca Estrela e Boi Fubá

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Patativa do Assaré

  5. Restinga / Sertão e Viola

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: João Carvalho, Xavantinho

  6. Encontro de Bandeiras

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Tavinho Moura, Xavantinho

  7. Viola Quebrada

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Mario de Andrade Participações: Elisa Dias

  8. E a Mata Gemeu

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Maria Chiquinha, Xavantinho

  9. Fabulas de Carreiro

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Moniz

  10. Eu, a Viola e Deus

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Rolando Boldrin

  11. Cantiga (Caicó)

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Milton Nascimento, Teca Calazans, Villa-Lobos

  12. Santos Reis (Reisado)

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Teddy Vieira Participações: Grupo Folia de Reis do Lajedão

  13. Beira Mar

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Frei Chico

  14. Canto do Povo de um Lugar

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Caetano Veloso

  15. Cantiga do Arco-Íris

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Moniz, Xavantinho

  16. Cálix Bento

    Intérprete: Amorim, Élcio Dias Autoria: Tavinho Moura