
Alma e Coração
Gênero: MPBAlma e Coração é o título do 26º trabalho de Chico Lobo, violeiro mineiro, natural de São João Del Rei, em Minas Gerais. Com mais de 35 anos dedicados à viola caipira, o artista estreou no mercado fonográfico em 1996, com o disco No Braço Dessa Viola. De lá para cá lançou inúmeros trabalhos, criados a partir de sua inconfundível regionalidade musical, álbuns premiados e elogiados pela crítica. Nesse novo projeto, ele parte de suas raízes, suas convicções, para um encontro com o folk, a balada e o rock rural. Sem perder a sua essência, Lobo namora mais com a modernidade e une a sua viola à instrumentos da cultura pop, como bateria, baixo, violões de aço e teclado, a base instrumental de Alma e Coração.
Com o início do isolamento social em função da pandemia de Covid-19, Chico Lobo sentiu necessidade de compor, de se rever, de se entender mais, se reconhecer e, sobretudo, se reinventar, por estar privado de sua lida estradeira de cantoria. Ao se ver privado das viagens, dos shows o artista expressou o desejo de uma positividade diante das dificuldades que o isolamento social impôs a todos, de cantar a esperança de novos tempos. Daí veio a vontade de levar para as pessoas, através de sua música, sua alma e seu coração, sentimentos de esperança.
A inquietação e o desejo de Chico Lobo de construir suas pontes, a partir de sua raiz fincada no solo da tradição musical de um Brasil profundo, para dialogar com a contemporaneidade e os grandes centros urbanos, fez surgirem várias canções e assim nascer o projeto do álbum Alma e Coração, que está sendo lançado pela gravadora e produtora Kuarup. O novo disco de Chico Lobo, um artista sempre inquieto e sempre adepto de parcerias e experimentações, recebe as participações especiais de Roberta Campos, Luiz Carlos Sá, Drigo Ribeiro e Tatá Sympa. O projeto foi produzido em cooperativa com os músicos, que gravaram em seus home studios, inclusive as vozes nas participações especiais. A produção é do músico mineiro Ricardo Gomes, profissional primordial na concepção do trabalho, que assina também os baixos, teclados e violão de nylon. O disco recebeu a participação dos músicos de base: Léo Pires na bateria, Marcello Sylva nos violões de aço e vocais de Ruly Ballmant, além dos músicos convidados que são Sérgio Saraiva e Joaollama Miranda.
Pela primeira vez o artista fez a opção de lançar cinco canções nas plataformas digitais para antecipar o álbum. Dentre as músicas destaque para o single Nós, que traz Roberta Campos e Chico Lobo nos vocais. A letra romântica do violeiro mineiro caiu nas graças da cantora e a canção, que ficou a cara de Roberta Campos, atingiu mais de 60 mil streamings nas plataformas digitais além de se tornar um videoclipe, assim como no caso dos outros singles lançados.
Chico Lobo canta o que acredita, o que vive, o que é “sagrado em seu olhar”, os sertões de Guimarães Rosa, os sentimentos de amizade, esperança, e sobretudo canta mais o amor neste trabalho do que em álbuns passados, afinal ele completou 25 anos de casamento com Angela Lopes, que a 26 é sua produtora cultural e manager. Sertão e amor juntos, nesse novo trabalho do artista. O violeiro reafirma seu lado compositor nesse trabalho. Sua viola, que é pontual na relação com os outros instrumentos, sem a pretensão de ser virtuose, mas necessária para o instrumentista, tece diálogos lindos com os outros músicos. Um sertão que está dentro dele é metáfora de seus valores de vida e outro sertão é espaço físico que se torna recorrente e necessário em suas letras.
Faixa a faixa:
1- Sertão: “A mão que se estende ao outro, fortalece nosso viver” abre o álbum com uma sonoridade fortemente rural onde se destacam os violões de Marcello Sylva e a bela viola de Chico Lobo.
2- Sagrado Em Meu Olhar: apresenta a participação do paulista de Jundiaí, Drigo Ribeiro, que empresta nesta faixa sua musicalidade folk regional. Além de um grande dueto nas vozes, a viola caipira de Chico Lobo se junta à modernidade do instrumento weissenborn executado pelo próprio Drigo Ribeiro.
3- Caminhos de João: parceria de Chico Lobo com o poeta do norte do Brasil Joãozinho Gomes. Uma toada emocionante, que faz um caminho pelo grande sertão veredas, por onde andou Guimarães Rosa. Referência muito presente na obra musical do artista.
4- Povos da América: Música composta quando Lobo, ao ver a imagem do Papa Francisco na TV, percebeu um “olhar luz de cristal” no pontífice. Tendo já se apresentado em países como Argentina, Chile, Colômbia, o violeiro sempre teve na música latina uma forte influência, assim como um espirito de união e esperança nasce a melodia. Destaque para a participação do músico Joaollama Miranda nas quenilla, zampoñas e charango.
5- Sim: música que nasce em pleno isolamento social, em seu terreiro, numa madrugada de insônia, onde ele lembra o início de seu relacionamento com a esposa o sim dito a 25 anos atrás. Tem uma pegada folk, ponte para a modernidade de sua obra.
6- Nós: balada belíssima de Chico Lobo, que se reinventa a cada trabalho lançado. Conta com a presença emocionante de Roberta Campos, um encontro mágico dos dois.
7- Desafio: é quase um baião. O violeiro namora com a música nordestina, que tanto ouviu na juventude. Letra que relembra os cordéis, trazendo uma dualidade.
8- Na Toada Dessa Prece: parceria com os poetas Carlos Di Jaguarão e Lysias Ênio. A composição traz uma dramaticidade existencial, mística em tom menor, destaque o belo acordeom do músico convidado Sérgio Saraiva. O resultado é uma sonoridade única.
9- Alma e Coração: a melodia ressalta o valor do sagrado movimento da alma e coração. Mais uma incursão de Chico Lobo pela musicalidade folk. Bela levada de viola.
10- Sonhos: Chico Lobo sempre ouviu na juventude o rock rural, o rock mineiro e aqui ele faz a ponte de sua viola, de sua raiz com esse rock, para cantar o que sempre acreditou. A música tem participação mais do que especial de Luiz Carlos Sá, da dupla Sá & Guarabyra, referência musical para Chico Lobo. Belo encontro musical onde se destaca a bateria pulsante de Leo Pires.
11- Roda da Vida: vigorosa parceria de Chico Lobo com o pernambucano Tavinho Limma. Aqui a força da tradição de um Brasil profundo, que Chico Lobo canta a tantos anos. É o reafirmar de suas raízes. Como se diz o caminho de casa, ” meu pai me ensinou a coragem, vencer as pedras do chão”.
12- Própria História: parceria do violeiro com o poeta e educador mineiro Jorge Nelson. A força e o timpre de arame da viola dinâmica nordestina, nas mãos do violeiro Chico Lobo nos remetendo ao movimento armorial e o canto exuberante de Tata Sympa, parceiro de 30 anos de amizade, dão força a essa faixa. Lobo assumi aqui o “ser violeiro”.
13- Quadras: a bela toada fecha o CD. Parceria de Chico Lobo com Simone Guimarães. A viola dolente de Chico num dueto com o acordeom brejeiro de Sérgio Saraiva e as bases dos violões de Marcello Sylva, entregam uma atmosfera acústica e vintage, quase uma seresta. Parece que Chico Lobo volta no tempo e está a acompanhar o pai seresteiro Aldo Lobo e a mãe Nieta já falecidos, pelos becos e ruelas de São João Del Rei.
Sobre Chico Lobo
Natural de São João Del Rei o violeiro Chico Lobo tem mais de 30 anos de carreira e é considerado pela crítica como um dos artistas mais atuantes no cenário nacional na divulgação e valorização da cultura de raiz brasileira. Com mais de 20 CDs lançados, dois DVDs, livro e shows por todo o Brasil e diversos países como Portugal, Itália, China, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, o músico canta suas raízes e as conecta com nossa contemporaneidade. Folias, catiras, modas, batuques, causos e toques de viola, desfilam com alegria em suas apresentações. Venceu por três vezes consecutivas (2015, 2016 e 2017) o Prêmio Profissionais da Música como Melhor Artista Regional, prêmio que acontece anualmente em Brasília. O artista mantém em sua cidade natal o projeto Ensino de Viola nas Escolas Rurais parceria do seu Instituto Chico Lobo, com a administração pública da cidade mineira de São João Del Rei. Em 2015 a cantora Maria Bethânia escolheu sua cantiga Criação, para compor o repertório de seu show e DVD Abraçar e Agradecer, comemorando os 50 anos de carreira. Depois Bethânia, gravou participação no álbum Viola de Mutirão, cantando a moda de viola Maria, que Chico Lobo fez em sua homenagem. Apresentador de TV, de rádio, produtor musical, escritor, cantor, o violeiro inquieto faz com que sua obra torne a aldeia global mais caipira.
Músicas
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Sertão
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo
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Sagrado Em Meu Olhar
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo Participações: Drigo Ribeiro
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Caminhos de João
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo, Joãozinho Gomes
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Povos da América
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo
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Sim
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo
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Nós
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo Participações: Roberta Campos
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Desafio
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo
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Na Toada Dessa Prece
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Carlos di Jaguarão, Chico Lobo, Lysias Ênio
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Alma e Coração
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo
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Sonhos
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo Participações: Luiz Carlos Sá
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Roda da Vida
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo, Tavinho Limma
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Própria História
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo, Jorge Nelson Participações: Tatá Sympa
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Quadras
Intérprete: Chico Lobo Autoria: Chico Lobo, Simone Gimarães